Maria Elisia de Godoi

Maria Elisia de Godoi

DE EMILIO A EMILIA

A TRAJETÒRIA DA ALFABETIZAÇÃO DE EMILIO A EMILIA    

               Ele, Emilio é um personagem de Rousseau do século XVIII. É um romance pedagógico, clássico e foi publicado pela primeira vez em 1762 e causou grande confusão na época, onde Rousseau resgata o “bom selvagem, mostrando a possibilidade de formar um novo individuo uma nova sociedade.
                Ela, Emilia Ferreiro pesquisadora contemporânea, são as referencias  que marcam no tempo este estudo original sobre a alfabetização. O ponto central da obra são as questões, que não encontram respaldo nas recentes teorias educacionais. E em busca das respostas ela revê aqui algumas contribuições de educadores e nos oferece um painel das principais teorias relacionadas a alfabetização.

·         Começa por um mestre clássico Rousseau:













Livro Emilio (1762)














 Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) França/Inglaterra/Alemanha.
Biografia
Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça, em 1712. Sua mãe morreu no parto. Viveu primeiro com o pai, depois com parentes da mãe e aos 16 anos partiu para uma vida de aventureiro. Foi acolhido por uma baronesa benfeitora na província francesa de Savoy, de quem se tornou amante. Converteu-se à religião dela, o catolicismo (era calvinista). Até os 30 anos, alternou atividades que foram de pequenos furtos à tutoria de crianças ricas. Ao chegar a Paris, ficou amigo dos filósofos iluministas e iniciou uma breve mas bem-sucedida carreira de compositor. Em 1745, conheceu a lavadeira Thérèse Levasseur, com quem teria cinco filhos, todos entregues a adoção – os remorsos decorrentes marcariam grande parte de sua obra. Em 1756, já famoso por seus ensaios, Rousseau recolheu-se ao campo, até 1762. Foram os anos em que produziu as obras mais célebres (Do Contrato Social, Emílio e o romance A Nova Heloísa), que despertaram a ira de monarquistas e religiosos. Viveu, a partir daí, fugindo de perseguições até que, nos últimos anos de vida, recobrou a paz. Morreu em 1778 no interior da França. Durante a Revolução Francesa, 11 anos depois, foi homenageado com o translado de seus ossos para o Panteão de Paris.

Propostas Pedagógicas (Resumo feito por Elisia)

             Rousseau procurou demonstrar no Emilio em forma vaga de romance, os primeiros anos de vida de um personagem fictício, filho de um homem rico, entregue a um preceptor para que obtenha uma educação ideal. O jovem Emilio é educado no convívio com a natureza, resguardado o máximo das coerções sociais. O objetivo de Rousseau revolucionário para o seu tempo, é não só planejar uma educação com vistas a formação futura, na idade adulta, mas também com a intenção de propiciar felicidade à criança enquanto ela ainda é criança. Rousseau dividiu a vida do jovem em seu livro Emilio em cinco fases:
Lactância: (até 2 anos)
Infância: (de 2 a 12 anos)
Adolescente: ( de 12 a 15 anos)
Mocidade: ( de 15 a 20 anos )
Inicio da idade adulta: ( de 20 a 25 anos)
Para a Pedagogia interessa os três primeiros períodos.
             Emilio descreve a necessidade do relacionamento homem/natureza, como tentar ser um veiculo que mostra tanto as necessidades sociais da época, como a necessidade de novas propostas educacionais que priorize a aprendizagem como processo de vida. Com a teoria de Rousseau vemos a possibilidade de uma educação transformadora, educador/educando e minimizar as injustiças econômicas e sociais, geradas fora da escola, mas que nela se refletem e expressam.
              Um dos objetivos do livro era criticar a educação elitista de seu tempo que tinha nos padres jesuítas os expoentes. Ele condenava os métodos de ensino utilizados até ali, que eram escorados basicamente na repetição e memorização de conteúdos, e pregava sua substituição pela experiência direta por parte dos alunos, a quem caberia conduzir pelo próprio interesse o aprendizado.      O ponto central da obra são as questões de hoje, que não encontram respaldo nas recentes teorias educacionais.
            Cujas idéias de homem, infância e conhecimento possibilitaram construir conceitos de jardim-de-infância, trabalho na escola, metodologia e, sobretudo a idéia de que toda educação deve se levar em conta a vivencia e as experiências.




Século xxOvide Decroly (1871-1932)- Belgica.
















Biografia
Ovide Decroly nasceu em 1871, em Renaix, na Bélgica, filho de um industrial e de uma professora de música. Como estudante, não teve dificuldade de aprendizado, mas, por causa de indisciplina, foi expulso de várias escolas. Recusava-se a freqüentar as aulas de catecismo. Mais tarde preconizaria um modelo de ensino não-autoritário e não-religioso.    Formou-se em medicina e estudou neurologia na Bélgica e na Alemanha. Sua atenção voltou-se desde o início para as crianças deficientes mentais. Esse interesse o levou a fazer a transição da medicina para a educação. Por essa época criou uma disciplina, a "pedotecnia", dirigida ao estudo das atividades pedagógicas coordenadas ao conhecimento da evolução física e mental das crianças. Casou-se e teve três filhos. Em 1907, fundou a École de l’Ermitage, em Bruxelas, para crianças consideradas "normais". A escola, que se tornou célebre em toda a Europa, serviu de espaço de experimentação para o próprio Decroly. A partir de então, viajou pela Europa e pela América, fazendo contatos com diversos educadores, entre eles o norte-americano John Dewey (1859-1952). Decroly escreveu mais de 400 livros, mas nunca sistematizou seu método por escrito, por julgá-lo em construção permanente. Morreu em 1932, em Uccle, na região de Bruxelas.

Propostas Pedagógicas (Resumo feito por Elisia)

            Entre os pensadores da educação que criticaram a educação de sua época, que contestaram o modelo de escola que existia e propuseram uma nova concepção de ensino, o belga Decroly foi provavelmente o mais combativo. Por ter sido na infância, um estudante indisciplinado, que não se adaptava ao autoritarismo da sala de aula nem do próprio pai, Decroly dedicou-se apaixonadamente a experimentar uma escola centrada no aluno, e não no professor, e que preparasse as crianças  para viver em sociedade, em vez simplesmente fornecer a elas conhecimentos destinados a sua formação profissional.
                Decroly foi dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na possibilidade de o aluno o próprio aprendizado e, assim aprender a aprender. . Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aulas e coincidem com propostas pedagógicas difundidas atualmente. É o caso da idéia de globalização de conhecimentos- que inclui o chamado método global de alfabetização – e dos centros de interesse.
           Os centros de interesse são grupos de aprendizado organizados segundo faixas de idade dos estudantes. Eles também foram concebidos com base nas etapas da evolução neurológica infantil e na convicção de que as crianças entram na escola dotadas de condições biológicas suficientes para procurar e desenvolver os conhecimentos de seu interesse.” A criança tem espírito de observação; basta não matá-lo”, escreveu Decroly.
            O conceito de interesse é fundamental, segundo ele, a necessidade gera interesse e só este leva ao conhecimento. Decroly atribuía  à necessidades básicas á determinação da vida intelectual. “Para ele, as quatro necessidades humanas principais são comer, abrigar-se, defender-se e produzir”.
            Os métodos e as atividades propostas pelo educador têm por objetivo, fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a expressão.
·         A observação é compreendida como uma atitude constante no processo educativo.
·         A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço.
·         A expressão faz com que a criança  externe e compartilhe o que aprendeu.
            O principio de globalização de Decroly se baseia na idéia de que as crianças aprendem o mundo com base em uma visão do todo, que posteriormente pode se organizar em partes, ou seja, que vai do caos a ordem. O modo mais adequado de aprender a ler, portanto, teria seu início nas atividades de associação de significados, de discursos completos, e não do conhecimento isolado de silabas e letras. “ Decroly lança a idéia  do caráter global da vida intelectual, o principio de que um conhecimento evoca outro e assim sucessivamente”, diz Marisa del Cioppo Elias, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia  Universidade Católica de São Paulo.
Fonte: Revistaescola.abril.com.br/pratica-pedagógica/primeiro-tratar-saber-forma-...




Século XX - Celestin Freinet (1896-1966) França
















Biografia

Célestin Freinet nasceu em 1896 em Gars, povoado na região da Provença, sul da França. Foi pastor de rebanhos antes de começar a cursar o magistério. Lutou na Primeira Guerra Mundial em 1914, quando os gases tóxicos do campo de batalha afetaram seus pulmões para o resto da vida. Em 1920, começou a lecionar na aldeia de Bar-sur-Loup, onde pôs em prática alguns de seus principais experimentos, como a aula-passeio e o livro da vida. Em 1925, filiou-se ao Partido Comunista Francês. Dois anos depois, fundou a Cooperativa do Ensino Leigo, para desenvolvimento e intercâmbio de novos instrumentos pedagógicos. Em 1928, já casado com Élise Freinet (que se tornaria sua parceira e divulgadora), mudou-se para Saint-Paul de Vence, iniciando intensa atividade. Cinco anos depois, foi exonerado do cargo de professor. Em 1935, o casal Freinet construiu uma escola própria em Vence. Durante a Segunda Guerra, o educador foi preso e adoeceu num campo de concentração alemão. Libertado depois de um ano, aderiu à resistência francesa ao nazismo. Recobrada a paz, Freinet reorganizou a escola e a cooperativa em Vence. Em 1956, liderou a vitoriosa campanha 25 Alunos por Classe. No ano seguinte, os seguidores de Freinet fundaram a Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem), que hoje reúne educadores de cerca de 40 países. Freinet morreu em 1966.
             O mestre do trabalho e do bom senso.
             É considerado o primeiro educador a fixar as bases para o desenvolvimento de uma psicologia de ação.


Propostas Pedagógicas (Resumo feito por Elisia)

             De acordo com Freinet não à idade para introduzir a criança na escrita. Desde a escola maternal, devemos valorizar os textos infantis, nessa fase o professor é o escriba. Quando a criança pode exprimir com espontaneidade sua fantasia e seus sentimentos, encontramos a poesia.
              Para Freinet a criança aprende a ler de forma natural, a criança passa por três fases na aquisição da leitura global:
1.      Quando se familiariza com a figura gráfica de palavras que são do seu conhecimento e de frases que quer utilizar de maneira prática.
2.      Reconstituição ativa, na qual parte dos sinais fonéticos das palavras e expressões que ela própria criou e quer aperfeiçoar (que não deixa de ser um exercício no qual avança analiticamente, do elemento para síntese viva da palavra).
3.      E regresso à identificação global, em que a criança quando lê, não balbucia, isto é, não procura decifrar a palavra simplesmente pela leitura dos seus elementos. 
             O educador francês desenvolveu atividades hoje comuns, como aulas-passeio e o jornal de classe , e criou um projeto de escola popular , moderna  e democrática. Muitos dos conceitos e atividades escolares idealizados pelo pedagogo Celestin Freinet, se tornaram tão difundidas que há educadores que os utilizam sem nunca ter ouvido falar do autor.
              É o caso das aulas de passeio (ou estudos de campo), dos cantinhos pedagógicos e da troca de correspondência  entre as escolas. Não é necessário conhecer a fundo  a obra de Freinet para fazer bom uso desses recursos, mas entender a teoria que motivou  a sua criação deverá possibilitar sua criação integrada e torná-las mais férteis.               Freinet se inscreve, historicamente entre os educadores identificados com a corrente da  Escola Nova, que nas décadas do Século XX, se insurgiu contra o ensino tradicionalista, centrado no professor e na cultura enciclopédica = propondo em seu lugar uma educação ativa em torno do aluno. 
             “Freinet sempre acreditou que é preciso transformar a escola por dentro, pois é exatamente ali que se manifestam as contradições sociais”.
Na teoria do educador francês, o trabalho e a cooperação vêm em primeiro plano e que a forma mais profunda de aprendizado é o envolvimento afetivo.
 Ele não via valor didático no erro. Ele acreditava que apontar erro para o aluno o desmotiva por isso o professor deve ajudá-lo a superar o erro.      







Século XI - Emilia Ferreiro- (Argentina, 1936) - radicada no México

                                      
                 











Biografia         

Emilia Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. Emilia é hoje professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde mora. Além da atividade de professora – que exerce também viajando pelo mundo, incluindo freqüentes visitas ao Brasil –, a psicolingüista está à frente do site www.chicosyescritores.org, em que estudantes escrevem em parceria com autores consagrados e publicam os próprios textos.

As pesquisas feitas por Emilia Ferreiro tratam de aplicação da teoria psicogenética de Piaget e dos conceitos psicolinguísticos contemporânea na compreensão dos processos de aquisição do conhecimento e da língua escrita.
Ao mudar a maneira de encarar a pratica em sala de aula e a pratica de alfabetização Ferreiro diz que contribuíram e contribuem para uma revolução conceitual. Ela mesmo sem intenção nos deu a conhecer, assim como outros Filósofos e pedagogos que o problema principal da alfabetização é político.  
Em março de 1988 a UNESCO realizou em Havana uma reunião de Consulta Técnica Preparatória para discutir as aprendizagens básicas.
A partir da década de 1980 com o aumento da crise econômica nos países da America Latina, houve sensível redução de gasto público em Educação.
Em 1990 foi instituído como o ano Internacional da Alfabetização inaugurando a década da Educação Básica. Em Lotiem  na Tailândia foi assinada a Declaração Mundial sobre Educação para todos, acordo que teve a participação da UNICEF.
 Emilia Ferreiro ressalta que a mais básica de todas as aprendizagens continua sendo a Alfabetização.

Propostas Pedagógicas (Resumo feito por Elisia):
   
Sabemos  que,  até   a   década   de   70,   poucos   eram   os   estudos   e documentação  sobre  a  natureza  dos  sistemas  de   leitura  e  escrita.  O que encontramos são   iniciativas  e   reflexões   individuais,  como  as   relatadas  nos capítulos  anteriores.  Emilia Ferreiro mostra  que  o  sucesso  da  alfabetização requer a superação da visão estreita que considera a aprendizagem inicial da leitura  e da  escrita  como  uma   técnica, pois  o   fato  de  recitar  o  alfabeto  não assegura a ninguém o acesso à leitura ou à escrita, isto é, ser alfabetizado. Até então não se dava a mínima atenção ao significado da escrita embutida nos rabiscos artísticos  das  crianças,  nem  havia  preocupação  em   identificar  os processos   cognitivos   infantis   subjacentes  à  aquisição  da  escrita.  Também recebia pouca atenção dos educadores a constatação de que, além da leitura e da  escrita,  existe  um  universo  de  conhecimentos,  de  novas   linguagens  e recursos da tecnologia moderna que precisamos dominar durante toda a vida; e a de escrever é uma tarefa de ordem conceitual  que precisa ser retraduzida. O processo alfabetizador tem uma tradição de séculos ligada à idéia de aprender o alfabeto, que só recentemente   veio   a   ser   desmistificada.  A preocupação era como ensinar a  ler   e   a   escrever,   como   estabelecer   a correspondência entre a oralidade e a escrita ou decodificar as grafias em sons — e não acompanhar o processo ou obter informações sobre o que a criança já dominava   em   relação   à   escrita   e   suas   hipóteses   antes   de   iniciar   a aprendizagem escolar. Ao pesquisar o desenvolvimento das conceitualizações infantis sobre a língua   escrita,   Emilia   Ferreiro   concluiu   que   ”as   crianças   são   facilmente alfabetizáveis; foram os adultos que dificultaram o processo de alfabetização delas”. FERREIRO: 1992, p. 17.Os   resultados   de   suas   pesquisas   apontam,   para   o   início   desse processo, a necessidade de trabalhar ambos,  leitura e escrita, com base  na compreensão   de   suas   funções   na   sociedade,   evitando   ao   máximo   a fragmentação do conhecimento. Eles nos fazem rever a psicogênese que até então vinha sendo reduzida a uma seqüência cronológica e à noção de estágio ou  catálogo  de  noções.(Citação:  Psicogênese:  estudo  da  origem  da  mente (representações mentais, memória, pensamento) e dos conhecimentos (todo e qualquer  conhecimento).  Atualmente,  a  psicogênese  da   língua  escrita,  ou  o percurso de cada indivíduo para adquirir a base alfabética da língua escrita, é a mais conhecida.)À  medida  que  desvendamos  a  alfabetização,  passamos  a  perceber também que o crescimento intelectual não se dá apenas pela acumulação de uma série de conhecimentos, mas também por grandes períodos de reestruturação.
NOTA:Vale a pena pesquisar e ler, afim da aumentar seus conhecimentos sobre alfabetização os  livros de Emilia Ferreiro.

De Emílio a Emilia — a trajetória da alfabetização / Marisa Del Cioppo Elias — São Pauto Scipione 2000 — (Pensamento e ação no magistério)

www.slideshare.net/.../de-emilio-a-emilia-a-trajetaria-da-alfabetizacao - Estados Unidos -

    

“ O único homem educado é aquele que aprendeu como aprender,como adaptar-se a mudança; é o homem que compreendeu que nenhum acontecimento é seguro, e que somente o processo de buscar o conhecimento fornece base para a segurança.” (Carlos Rogers)